“Dizem que você pode morrer diversas vezes na vida. Não é uma conotação confortável de ler, você sente como se algo estivesse errado, mas você sabe que é possível. Você morre ao perceber que acordar nem sempre é abrir os olhos pela manhã, morre ao trancar a porta do quarto para ficar só, morre ao ler o final do livro e ver que não termina como você esperava, morre pelo sentimento que você cultiva, e morre principalmente porque só você cultiva. Morre pela lágrima que não saiu, pela culpa que lhe tira o sono, e pelo sono que lhe limpa as lágrimas. Morre pelo amigo, e por quem não é mais seu amigo, morre pelo passado, e pelo presente que se estende sem pedir permissão para mudar. Morre pela alegria, pela simpatia, pela cortesia, pela fantasia. Morre pela arrogância, mas principalmente pela sabedoria. Morre pelas tentativas, pelas repetições, pelos esforços, pelas explicações. Você morre sem perceber, gradativamente, todos os dias. Dizem que você deve temer a morte e aproveitar a vida. Talvez seja um conselho cego, afinal de contas, a gente tenta aproveitar a vida todos os dias, e mesmo assim continua morrendo.”
17 de março de 2013
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