Entraste na minha vida de mansinho, quase como num sussurro, desafiando a minha timidez natural. Abalaste a minha estrutura e a vontade férrea de não errar e cercaste os momentos de solidão com outros pensamentos. Nem me tinha apercebido de quem eras, de como eras e o que querias de mim e, de repente, vi-me misturado numa paleta de cores diversas, em que transformaste os meus sonhos.

            Descobri que na imensidão da tua vida havia um sonho por realizar e que eu podia fazer parte desse sonho. No meio desta vida atribulada, aceitei que na vida nada acontece por acaso e tentei perceber o que estava, ou havia para além de ti. Questionei a razão de tantas perguntas sem resposta e antevendo os olhares de dúvida, fiquei-me por ali a pensar.

            Descobri que o caminho se descobre caminhando, sendo que a direção pode nem ser aquela para onde pensávamos ir. O caminho com imensas encruzilhadas via-me aparecendo e com imensas indecisões, vou virando à esquerda ou à direita conforme a vontade e o desejo. Umas vezes, parece-me que estou na direção certa, outras nem por isso, contudo, sigo sempre em frente na reta da vida, porque não faz parte de eu voltar atrás.

            Descobri que a cada tropeção, só temos um remédio; levantarmo-nos porque na estrada da nossa vida só muito raramente aparece alguém para nos ajudar. Cada tropeção, cada queda, cada lágrima chorada pelas dores sofridas são ensinamentos que nos vão ajudar a levantar a cabeça e a trazê-la bem direita, olhando numa só direção; à procura da felicidade.

            Descobri que conosco caminham, lado a lado, os nossos sonhos, as nossas emoções e que ao virar de cada esquina, pode sempre estar alguém como tu, em busca dum carinho, duma palavra amiga, dum gesto bonito, dum anjo protetor, que na imensidão da nossa vida, se perdeu por momentos menos bons ou mais obscuros.

            Descobri que a cada passo dado, um novo mundo se abre, uma nova vida se descobre, por entre cruzamentos e encruzilhadas e tudo vai enchendo o nosso coração de mais amor, de mais alegria, de mais felicidade, sentindo que o destino cumpre a sua missão, levando-nos passo a passo pelo caminho que está marcado.

            Descobri que há mais sorrisos no mundo, há mais lábios que também precisam sorrir e que a tal estrada por onde me apareceste de mansinho, não tem fim, vai sempre continuar, sendo que nós deixaremos de circular nela, todavia outros virão, fazendo novas cruzadas, nos mesmos caminhos, ou em outros parecidos, sabendo que o que alimenta a nossa vida e nos faz crescer no amor, é essa dúvida de não sabermos quando acaba o caminho e se no fim, nos aparece um abismo ou um local eterno, onde para sempre nos sintamos felizes.