"Em
um céu de brigadeiro, duas nuvenzinhas conversavam. A primeira,
branquinha e fofa refletia os raios do sol ficando toda iluminada. A
outra, cinza, carregada, parecia mais uma bola de chumbo perdida na
paisagem.
- Para que tanta amargura? Perguntou a nuvenzinha que transbordava felicidade à amiga.
-
Cansei de ser nuvem. Não tenho consistência, não posso ser tocada...
Parece até que não sou real! E quer saber? Como são cansativos os dias e
a noites. Resmungou.
-
Mas e o fato de poder caminhar por todo o céu, que é infinito? Não te
agrada? Podes ter a forma que quiser. Podes inclusive brincar com os
humanos.. Eles adoram nos adivinhar.
- Não vejo vantagem nenhuma em caminhar ao céu e além do mais, não ligo para os humanos. Estão muito distantes de nós.
-
Minha amiga, acho que não percebes a importância de ser quem tu és.
Trabalhas em conjunto com o sol. No seu mais alto reinado, só tu podes
se aproximar dele e fazer sombra fresca à terra.
A outra continuou a resmungar: o céu é sempre azul, a noite sempre muito escura...
A nuvenzinha feliz se afastou, deixando a companheira com seus pensamentos.
"Tem gente que não entende sua própria grandeza, nem dá valor ao paraíso que tem diante de si", disse ao sair.
"Cabruuuummm", trovejou a nuvem carregada e chorou.
Nesse momento, em algum lugar, começava a cair uma chuva grossa, doída e gelada."
Sabrina Davanzo
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